Ao contrário do que se possa imaginar, Vedānta não é uma tradição mística, mas uma tradição de ensino — a diferença entre ambas sendo tão radical quanto aquela que distingue um abismo de uma ponte.

Porque a chamada “experiência mística” (seja lá o que isso signifique) não pode, por definição, ser comunicada, permanecendo sempre um vão intransponível entre as palavras do mestre e o entendimento do discípulo.

Vedānta, ao contrário, é a arte de comunicar. O hiato entre a realidade livre de limitação e a limitação inerente ao sentido direto das palavras (que de fato existe) é transposto pelo correto método de ensino (a ponte) – dependente da maestria comunicativa de um professor tradicional competente – e não por uma suposta “experiência mística” posterior ao “ensino meramente verbal” em sala de aula.

O objetivo do meu curso de Upadeśasāram (A Essência do Ensinamento) é, nesse sentido, desmistificar o ensinamento de Śrī Ramaṇa Maharṣi, tornando imediatamente acessível a realidade que ele ensinava: exatamente a mesma ensinada por todas as Upaniṣads e demais textos da tradição de Yoga e Vedānta.