Matrícula: Curso de Meditação Passo-a-Passo

उद्धरेदात्मनात्मानं नात्मानमवसादयेत्।

आत्मैव ह्यात्मनो बन्धुरात्मैव रिपुरात्मनः।।6.5।।

uddharedātmanātmānaṃ nātmānamavasādayet।

ātmaiva hyātmano bandhurātmaiva ripurātmanaḥ।।

Que você se eleve a si mesmo através de si mesmo! Não se rebaixe!

Você é seu próprio amigo e seu próprio inimigo. (Bhagavad-Gita, VI-5) 

 

Existem dois modos possíveis de existência da mente. 

 

O primeiro e mais comum é o que poderíamos chamar de modo automático e superficial, no qual a mente passa de um pensamento a outro guiada quase que unicamente por impressões sensíveis do ambiente. 

 

Os ouvidos ouvem um som, os olhos veem uma imagem, as narinas sentem um cheiro… Essas impressões despertam impressões subconscientes (vāsanā) de gosto, aversão, indiferença, etc. 

 

Então, em um processo automático e instantâneo, você se identifica com essas impressões, e tende a “pensar” e “sentir-se” de acordo com elas (como já pensou e sentiu-se milhares de vezes no passado). É como se você estivesse sendo forçado a trilhar um caminho alheio, que você não escolheu e que, portanto, não leva a lugar nenhum.

 

Imagine o passageiro de um carro automatizado preso no banco de trás, sendo levado por um GPS aleatório para lugar nenhum, tornando-se alegre ou triste no caminho à medida em que se identifica com as imagens que passam pela janela. 

 

Essa imagem ilustra a relação do ser consciente com a mente na maior parte das vezes, e o sofrimento impotente que advém dessa relação.

 

Mas há um segundo modo possível de relacionar-se com a mente, que podemos chamar de consciente e profundo. Nele, o funcionamento automático do processo mental é atenuado (ou até temporariamente suspenso) em favor de um funcionamento consciente, no qual a pessoa mesma (o intelecto, o ser verdadeiramente pensante) determina a rota a ser feita pelo pensamento, tendo um destino claro como objetivo.

 

Esse modo de funcionamento é chamado de meditação. Os lugares aos quais você deve chegar com a ajuda da sua mente são os vários estágios da meditação. Eles são, inicialmente, “lugares” de fácil acesso, como sensações físicas em diferentes partes do corpo, respiração, etc. 

 

Assim como alguém que aprende a dirigir um carro aprende primeiro a fazer pequenos percursos em linha reta, em lugares de pouco movimento, da mesma forma aprendemos a guiar nossa mente através de objetivos claros e bem determináveis, fáceis de serem executados e sem grandes variações.

 

Aos poucos, a medida em que a mente é “domada” (e aqui passamos para a analogia do cavalo selvagem), os percursos (as meditações) tendem a se tornar mais longos e envolventes (“difíceis” para alguém que enxergasse de fora), passando por lugares estreitos que exigem grande atenção e sensibilidade.

O objetivo é estabelecer a mente na sua própria base existencial, isso que há de mais sutil porque não é um objeto de meditação, mas a própria natureza do meditador. Isso é a paz.